O disco enquanto acesso: Pós-escassez, curadorias artificiais e o futuro da escuta
Post-Scarcity, Artificial Curation and the Future of Listening
Palavras-chave:
capitalismo cognitivo, algoritmos musicais, escuta digital, spotifyResumo
O presente trabalho visa analisar as condições de escuta musical a partir da emergência do capitalismo cognitivo ou de plataformas. Apresentamos o mercado fonográfico como um experimento de vanguarda no que diz respeito à comoditização do incorpóreo, à disputa pela desterritorialização dos commons e ao uso indiscriminado de algoritmos de mapeamento das subjetividades e previsão de escolhas e gostos. Nesse contexto, os discos musicais aparecem não mais enquanto objetos ou entes simples, mas enquanto portais de acesso a determinados repositórios codificados de arquivos, isto é, enquanto interfaces, e os artistas que pretendem manter sua autonomia precisam também se tornar mediadores do que criam. Tal perspectiva engendra novos paradigmas em relação a, entre outras questões, o papel das práticas curatoriais e a preservação da memória cultural.
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